Mais de 55,2 mil ocorrências de violência contra as mulheres foram registradas pelos órgãos de segurança pública no Rio Grande do Sul em 2023. 87 mulheres foram mortas por companheiros, ex-companheiros, irmãos e outros integrantes da família. Os dados estatísticos, apresentados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP/RS), mostram que, mesmo com a rigidez da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), os crimes prosseguem. Em Guaporé, foram registradas 53 ameaças, sete estupros e 30 lesões corporais no ano passado. Nenhum homicídio ou tentativa.
Os números são de registros oficiais da Delegacia de Polícia Civil (DP), mas há muitos casos que, por medo e/ou receio que algo de mais grave aconteça, não chegam ao conhecimento. Mulheres que sofrem caladas todos os tipos de violência, sejam físicas ou psicológicas. Buscando um espaço de respeito e proteção, garantindo que vítimas de violência doméstica tenham um local de atendimento reservado, a DP de Guaporé inaugurou em 2024, a “Sala das Margaridas”. São mais de 80 no Estado.
Para deixar o ambiente propício para o acolhimento, encorajando as mulheres a denunciarem e relatarem os fatos sem timidez, uma sala foi completamente reformada, ganhando cores suaves, novos móveis e decoração. Desenho de flores e a frase “Respeito e Proteção” fazem parte do ambiente. O atendimento é realizado por uma policial, o que facilita e deixa mais leve a comunicação. Na “Sala das Margaridas” há possibilidade do registro de ocorrências, depoimentos e todas as demais ações previstas na Lei Maria da Penha, incluindo a solicitação de medidas protetivas.
“É um espaço dedicado exclusivamente às vítimas de violência doméstica. Muitas nos procuram já fragilizadas pelo que vem sofrendo e, nada mais justo, que um ambiente privativo e longe do balcão de atendimento à comunidade. O objetivo é acolher com respeito e encorajá-las nesse doloroso processo. Não é fácil expor o dia a dia, mas na Sala das Margaridas elas estarão seguras para relatarem os acontecimentos e ouvirem as orientações”, disse o delegado Tiago Lopes de Albuquerque.
Para que a “Salas das Margaridas” na DP de Guaporé se tornasse realidade, muitas foram as mãos que contribuíram. Recursos foram destinados pelo Poder Judiciário e Ministério Público (MP/RS) da Comarca de Guaporé. O projeto de decoração foi realizado pela empresa Azeviche Móveis.
“Parceiros, aos quais agradecemos imensamente, que possibilitaram que pudéssemos criar esse espaço de acolhimento para as mulheres na Delegacia”, concluiu o delegado.
Em 2024, conforme a SSP/RS, uma tentativa de feminicídio foi registrada. Além dessa ocorrência, há cerca de 15 casos de ameaças e 10 de lesões corporais.